Hmmmm....vamos falar um pouco das sobremesas, esse interessante universo da culinária italiana, que chama atenção ao mesmo tempo pela simplicidade e pela opulência. Simplicidade porque os italianos gastam pouco tempo na preparação de sobremesas; normalmente eles preferem a praticidade de comprar algo pronto, preparado por especialistas, e dessa forma garantem sempre uma excelente sobremesa, sempre fresca e de qualidade. Essa forma de pensar é bastante diferente, por exemplo, dos vizinhos franceses, que dedicam bastante atenção e recursos ao preparo de seus doces. A opulência vem do fato de, mesmo na simplicidade, as sobremesas serem divinas, com uma combinação singular de gostos rústicos, feitos sempre com os ingredientes disponíveis na estação do ano, sem grandes gastos. Utiliza-se o que se tem à mão.
Mas isso nem sempre foi assim; sobremesas ficaram àquem de grande parte da população da Itália por séculos, sendo um privilégio restrito à nobreza e ao clero. A população, em geral, se preocupava em sobreviver em tempos difíceis, e a obtenção de açúcar era algo proibitivo. No entanto, a nobreza das grandes cidades, como Veneza, Bologna, Genova e Firenze experimentava de grandes regalias, desenvolvidas por mestres da pasticceria.
Foi no século XVI, mais especificamente em 1533, que Catarina de Medici, filha do Duque de Firenze, Lorenzo de Medici, se casou com Henrique, filho do rei da França. Então com 14 anos de idade, Catarina se mudou para a corte em Paris, e como parte dos dotes concedidos pela família, levou consigo uma legião de cozinheiros, muitos deles especialistas em doces e sobremesas. O contato e intercâmbio entre mestres italianos e franceses proporcionou um grande enriquecimento na preparação dos doces franceses...surpreendente, mas muitos doces e técnicas franceses tem sua origem na Itália, mais precisamente em Firenze.
Contudo, Catarina demandava grande atenção da corte francesa, pois tentara engravidar por 10 anos seguidos, na tentativa de gerar um herdeiro legítimo ao trono da França. O primeiro filho chega em 1543 apenas, e depois mais 9 filhos vieram em apenas 11 anos. Em 1547 Catarina se torna rainha da França, já que seu marido assume o trono como Henrique II; em 1560 ela mesma assume o título de regente, depois da morte do marido e pelo fato do filho Carlos XI ainda ser menor de idade...enquanto isso os doces italianos já estavam embrenhados na cultura francesa.
Outro centro de desenvolvimento dos doces e sobremesas foram os mosteiros; durante a Idade Média eram os padres e freiras os responsáveis pelas invenções culinárias, certamente na tentativa de aliviar os tempos de clausura.
Mas foi apenas nos últimos 200 anos que a Itália se dedicou aos doces, sendo que cada cidade, vilarejo, bairro ou mesmo famílias, desenvolveu seu próprio doce, símbolo de tradição e identidade cultural.
hehehehe
ResponderExcluiré isso aí Quarta!
Salve a Itália...